segunda-feira, 11 de maio de 2009

Festival da Desorganização!




Festival da Desorganização!

Por Paulinho Groove


No último sábado dia 09 de maio de 2009, aconteceu na cidade de Estância a primeira eliminatória do festival de música de TV Atalaia, participei do Festival com a banda Máquina Blues com a Canção Blues da Alma. Pois bem... Estou aqui para te deixar por dentro dos bastidores desse festival que mais pareceu uma gincana escolar de alunos do primário, digo mais, creio que algumas disputas escolares são mais organizadas do que aquilo que presenciei na cidade de Estância.
A exaustiva maratona começa às 13hs do sábado, onde todas as bandas que participariam da fase eliminatória daquele dia se dirigiram à praça da catedral metropolitana de Aracaju. A produção incessantemente nos informava que todas as bandas teriam que chegar pontualmente às 13hs! Porque caso houvesse atraso na passagem de som a banda retardatária correria o risco de não se apresentar!
A idéia era partir às 13hs para todos os grupos começarem a passar o som por volta das 15hs.
Pois, Ficou só na idéia mesmo porque pasmem, mas o ônibus saiu da praça exatamente às 15h38min! Mas como assim? Quer que eu narre o que aconteceu? Tudo bem farei isso por você amigo leitor! Foi exatamente assim: todos os participantes chegaram realmente por volta das 13hs, alguns 20 minutos antes ou depois, mas é a tolerância de sempre não é verdade? Afinal sabemos como é o povo brasileiro deixamos tudo para ultima hora... Enfim, como estava chovendo muito entramos no ônibus, e esperamos aproximadamente três horas para sair do lugar, levando em conta que todas as pessoas sob pena de serem cortadas do festival, fizeram um sacrifício enorme para estar pontualmente no local de saída, três horas fizera uma grande falta ao nosso infeliz dia. A culpa do atraso foi porque a produção do festival teve a brilhante idéia de mandar todo o equipamento do estúdio que gravaria o áudio junto com as bandas participantes do festival, os “técnicos” do estúdio como eram muito eficientes deixaram para desmontar o material que iriam levar em cima da hora, permita-me fazer uma correção. Havia dito a poucas linhas acima que o povo brasileiro deixa tudo para ultima hora. Na verdade acho que isso é um problema do brasileiro incompetente, claro que nem todos nós temos tempos para fazer todas as atividades a que somos submetidos, mas isso não era o caso do pessoal daquele estúdio.
Vou continuar porque a coisa está ficando interessante, quando finalmente chagamos a cidade de Estância o pobre motorista de bigodes longos nos levou para um passeio turístico, mas não porque ele queria e sim porque a nossa adorável produção ao menos sabia onde era o ginásio de esportes onde se realizaria o evento. Quando enfim chegamos ao local referido falei ao meu colega de poltrona: nunca achei que Estância fosse tão grande, e ele me respondeu “Não é grande não, é porque estávamos andando em círculos...”
Descemos do ônibus e entramos no ginásio, fomos “acomodados” no vestiário que servira de camarim nessa ocasião, o som e a iluminação estavam acabando de ser montados e a banda base do festival começava a arrumar seu material, foi quando recebemos a notícia de uma das produtoras do evento (que parecia ser a única a dar a atenção aos músicos). Que não teríamos tempo de passar o som. Boom!! Mais uma bomba, sabíamos que aquilo não iria dar certo, muita gente cantando, de timbre e altura de vozes diferentes, com certeza alguém sairia prejudicado.
Antes quero citar que a banda base incluía nomes considerados entre os melhores de Sergipe posso garantir com meu modesto conhecimento musical que isso de fato era verdade. Mas o ginásio não permitia uma acústica legal para qualquer outro tipo de som a não ser o das torcidas que o frequentava em dias de jogos. E cá entre nós o famoso som de Ricardo Sá estava péssimo. O “mesário” ou era muito ruim mesmo, ou sofria de algum distúrbio auditivo naquele dia, porque não acho explicação para tamanha discordância sonora. Duas categorias concorriam ao festival, à categoria “Universitária” e a categoria “Terra”.
A universitária foi a primeira a se apresentar, tinha gente boa, e sejamos sinceros tinha muita carniça também, mas não estou aqui para julgar qualidade musical de ninguém isso vocês procurem no site do festival da TV atalaia, onde certamente excluirão suas falhas dizendo que tudo foi uma maravilha!
Depois foi a vez da categoria terra, onde se encontravam o pessoal mais “profissional” não desmerecendo a categoria universitária que em muitas musicas tanto na parte musical com nas letras tinham mais “cabeça” que muita gente que se dizia profissional e veterano da música em Sergipe. Enquanto os compositores mostravam seus trabalhos, o camarim-vestiário era invadido por populares, estava entrando quem queria. Crianças e adultos! Faziam guerras de uvas e pitombas (algumas das frutas que estavam a dispor dos músicos) e saqueavam os refrigerantes dos músicos, o cessar-fogo só parou quando falei a uma das produtoras que aquele local se transformara em uma verdadeira zona de combate, foi quando finalmente mandaram alguém para cuidar das coisas que estavam lá, detalhe que no tal camarim estavam coisas pessoais e instrumentos de todos os músicos, e só no final do show é que nossos pertences teriam um pouco mais de segurança.
Em geral os músicos passaram um verdadeiro inferno, em nenhum momento o som acertou, a voz ficava demasiado alta, e instrumentos ficavam mudos, ah! O contrário também acontecia a todo instante. Foi uma verdadeira catástrofe!
Quando todos os participantes apresentaram suas canções, o cantor Rogério depois de mais um atraso básico da equipe, começou a cantar, durante o show dele foi divulgado os três compositores de cada categoria que passariam para a etapa final.
Dado o resultado os músicos foram para o ônibus na esperança de ir para casa afinal era a única coisa boa que poderia acontecer depois de um dia tão cansativo e frustrante.
Pois é, mas isso também não aconteceu, tivemos que esperar o show do Rogério acabar, e ainda esperamos a produção desmontar todo o equipamento deles que assim como foi, também voltaria com a gente, e foi mais uma maratona sofrida por nós músicos e compositores Sergipanos, só sei que chegamos a Aracaju às 4hs 26 min da madrugada do domingo...
Gostaria de ter escrito um texto menos cansativo, resumindo o fato, mas talvez dessa forma você caro leitor não tivesse a verdadeira noção do massacre que é enfrentado diariamente pelos músicos do estado de Sergipe. No mais agradeço a paciência e ao apoio indireto que desde já vem de você.

Grande abraço a todos!
Até a Próxima


Paulinho Groove é músico
e colunista deste blog.

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