terça-feira, 3 de março de 2009

ÔNIBUS

Ônibus

Cara não existe lugar que eu mais odeie no mundo, do que um grande ônibus lotado. Principalmente aqui, nesta sucursal do inferno que eu moro. Que faz 30 graus a noite e em dia ventilado. Imagine então, querido leitor, o que é pegar um ônibus ao meio dia para ir almoçar em casa.

Essa experiência posso te confessar, não é das melhores. Imagine a cena. Você louco para chegar em casa, com fome, suado, cansado e com vontade de ir ao banheiro. Você vai ao ponto de ônibus mais próximo. Ele está lotado de pessoas como de costume, mas você pensa e torce para que eles não escolham o mesmo ônibus que você.

Eis que surge o tal veículo, que já vem em sua parte interna lotada de pessoas de tamanhos, idades, cheiros e sexo diferentes. Você se dirige calmamente para frente, e percebe que todas aquelas pessoas vão no mesmo veículo que você. Daqui para frente é que começa a sua luta armada por um lugar ao sol, ou melhor, no ônibus.

Estágio 1 – A entrada

Todos se aglomeram em um pequeno espaço, que chamamos de porta. Todos querem entrar nesse pequeno espaço ao mesmo tempo. Daí é mão na bunda, mão na cara e mão até lá. E você com suas mãos tentam ao mesmo tempo, segurar sua carteira, sua bolsa e segura na porta para conseguir subir aquele degrau que insiste em não chegar ao seu pé.

Depois de alguns empurrões, caras feias e solavancos, você que é forte, consegue subir e deixar tantos outros para trás. Agora começa a segunda parte de nossa odisséia.

Estágio 2 – A ida até a catraca

Você está dentro do ônibus. Mas até agora, isso não é o bastante. O motorista quer partir, mas a multidão que insiste em entrar no ônibus, não deixa. Você que não tem nada haver com isso, tenta se segurar como pode para não cair. Ao mesmo tempo tenta não tocar nas mulheres que estão ao seu redor, para não ser confundido com um tarado. Igualmente esse cara que está do seu lado, quase em êxtase do lado da morena bonita.

Você consegue uma brecha na ponta do ferro que serve de encosto para o banco. Está salvo. Mas é chegada a hora de passar pela catraca. E todo aquele esforço que você teve para se segurar foi embora, juntamente com sua paciência. Mas vamos lá, temos que pagar ainda para poder descer em nossa casa, tomar nosso banho e comer aquela maravilhosa comidinha caseira.

A ida até a catraca faz inveja até ao maior dos gladiadores. Você pede licença, algumas pessoas fazem um esforço monstro para te deixar passar, outras nem tentam. Daí você é obrigado a usar de todas as armas para chegar até a catraca. Seu ponto está chegando e você não pode ficar de bobeira, senão corre o risco de perder a hora de volta ao trabalho.

Enfim você chega até ela, e o cobrador simpático te recebe. Ele nem olha para tua cara. Parece não ter dormido bem. Os olhos estão vermelhos que parecem mais bolas de fogo. Mas o que você tem haver com isso? Você só quer pagar a passagem e descer. Você pega a sua carteira e tira aquele dinheiro amarrotado e entrega ao cobrador, que te devolve uma moeda, você joga no bolso, se nem olhar para ver se ela é real ou dólar. Você tenta se acomodar e esperar seu ponto chegar, para que você possa sair desse inferno em que você se encontra.

Mas o que achava que tinha acabado parece estar apenas começando. Você começa a ouvir os papos daquelas pessoas sentadas ou em pé ao seu redor. Coisa para deixar qualquer cristão de cabelo em pé. Aquele moleque do seu lado está ouvindo em seu celular músicas tão alto e de gosto tão duvidoso, que você não vê a hora que chegue sua vez de descer, e promete a si mesmo, se demorar mais um minuto e eu tiver que ouvir mais uma vez, “lapada na rachada”, prometo que desço no próximo ponto.

Estágio 3 – O moleque das balas de Gomex

Você achava que depois de ter enfrentado todos na subida do ônibus. Enfrentado mais uma maratona até a catraca, e de ter que ficar ouvindo aqueles papos e aquelas músicas, nada pior podia acontecer. Estava enganado.

Eis que surge aquele moleque de voz estridente e discurso decorado, vendendo as malignas balinhas de Gomex. Ele é tão bem de lábia, que tem resposta para tudo, e quer ouvir sua resposta ao boa tarde dele. É mole? Ele só falta ter maquineta de cartão para que você compre logo o diabo da bala. Algumas pessoas compram, acho que para que ele desça logo e não pelo sabor e origem duvidosa das balas. Ele enfim desce e você acha que agora nada pior pode te acontecer.

Estágio 4 - Enfim em casa

Seu ponto finalmente chega. Mas uma vez, você tem que passar pelo sacrifício de passar por toda aquela gente aglomerada, para que enfim possa chegar ao seu destino.

Você desce e caminha calmamente para sua casa, aonde vai se banhar, relaxar e saborear a deliciosa comida da sua mulher/mãe, sem saber que daqui a algumas horas, passará por aquilo de novo, e de novo, e de novo.

Rob Santos

2 comentários:

J.P. disse...

Pow cara...eu juro que vou morrer de rir.
Pow...como dizem os caras da perifa (ou seja eu tb estou incluido) "Arrr Nêga ja fica fitano pra ver se nois vai quebrar côco nelas"...muiiiito fóda.
E sobre os moloques das Saudosas Balas Gomex então...rsrsrsrs, eu simplesmente não aguento mais ou vir o "Boa tarde, meu nome é Mizael (de quebra o moleque mora uam rua depois da que eu moro).
Muito bom, muito bom mesmo. E melhor ainda é poder rir da minha própria desgraça, que tosco não?
Valeu man...e a partir de hoje vou passar a acompanhar assiduamente seu blog. Muito divertido e instrutivo.
Falouuuu!!!!

Jô Freitas disse...

Imagina quem tem que pegar Tijuquinha as 18 h. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
É a visão dos infernos com certeza.